Largo do Arouche - 1ª Intervenção - Cordão do Peito Oco
A PRÓXIMA COMPANHIA FAZ CORDÃO DE CARNAVAL NO AROUCHE
Durante o desenvolvimento do projeto Tebas - A Cidade em Disputa, contemplado pela 32ª edição do Fomento ao Teatro da Cidade de São Paulo, A Próxima Companhia vem aprofundando sua pesquisa a partir dos territórios em disputa na cidade. Um desses territórios foi o Largo do Arouche conhecido pela ocupação por décadas da população LGBTQ+ e que atualmente passa por um processo de gentrificação e apagamento. Nos meses de janeiro e fevereiro o grupo, junto ao diretor convidado Iarlei Rangel, pesquisou e vivenciou as questões do território e para traduzir cênicamente as questões encontradas criaram um bloco-intervenção o Cordão do Peito Oco.
O grupo foi buscar um pouco da história desse público no Arouche e como eles se relacionam com esse território. A ideia do cordão como estrutura para a intervenção veio, porque no Carnaval o preconceito acaba ficando atrás de máscaras ou essas máscaras acabam servindo para que esses corpos fiquem libertos e sofram menos risco. O cordão discute sobre a morte recente de pessoas LGBT+ já no próprio nome do cordão, uma vez que peito oco faz uma alusão ao coração arrancado do peito da mulher trans, Quelly da Silva, morta em janeiro de 2018 e também ao assassinato de Jéssica Gonzaga, no próprio Arouche, no final de 2017. Além disso, a intervenção também aborda a descaracterização do Largo do Arouche com discurso de revitalização e afrancesamento pelo projeto de transformação do lugar em um boulevard parisiense..
Tudo acontece seguindo o esquema de um cordão de Carnaval, com algumas cenas definidas anteriormente, com um tom de ironia e humor para que algumas coisas sobre o tema sejam abordadas de maneira mais leve, com o público junto aos artistas, cantando e dançando ao ritmo do Samba Enredo criado pelo grupo para a intervenção. As primeiras sessões da intervenção aconteceram no pré-carnaval de 2019.
Ficha Técnica
Elenco: Caio Franzolin, Caio Marinho, Gabriel Küster, Juliana Oliveira, Maria Silvia do Nascimento, Paula Praia, Rebeka Teixeira
Direção: Iarlei Rangel
Direção Musical: Laruama Alves
Dramaturgia: Victor Nóvoa
Cenografia: Julio Dojcsar
Figurino: Magê Blanques
Músico Convidado: Kauan Scaldelai
Direção de Produção: Catarina Milani
Assistente de Produção: Lucas França
Contrarregra: Gustavo Brausntein, Rafael Augusto
Design Gráfico: Rafael Victor
Assessoria de Imprensa: Vanessa Fontes
Samba Enredo
Sou guerreiro gauche do Arouche,
Não faz a lôca, não se mete com nóiz.
Aqui nóiz bebe, nóiz se atreve, se traveste,
Não tem recalque que derrube a nossa voz.
Sou guerreira gauche do Arouche,
Não faz a Naja, não vem dá migué.
Mesmo chutada, pisada, cortada,
Nóiz tá cansada, mas tá de pé!
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Refrão:
Vai Arouche,
Vai ser gauche na vida.
Vai Arouche,
Seguir sua sina,
De quem não brinca com a vida! (Bis)
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Guerrilheiras, que pulsam no Arouche,
Samba na cara dos cara de edi.
Cara de bufa, de censura, de fuinha,
Nóiz não têm medo, não vamos sair daqui.
Guerrilheiras, que dançam no Arouche,
Tâmo em festa, não vâmo desistir.
Em cima do salto, no asfalto, ou no planalto,
Meu corpo canta assim...
Em cima do salto, no asfalto, ou no planalto,
Meu corpo odara canta assim...
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Refrão:
Vai Arouche,
Vai ser gauche na vida.
Vai Arouche,
Seguir sua sina,
De quem não brinca com a vida! (Bis)