Santa Ifigênia - 3ª Intervenção - A Santa e a Puta na Terra da Garoa
A Próxima Companhia relembra história da Santa Ifigênia
Dando continuidade às pesquisas e intervenções do projeto Tebas – A Cidade em Disputa, contemplado pela 32ª edição do Fomento ao Teatro da Cidade de São Paulo, A PRÓXIMA COMPANHIA apresenta A SANTA E A PUTA NA TERRA DA GAROA nos próximos dias 1º, 2 e 3 de maio, pelas ruas do Bairro de Santa Ifigênia. A ideia da ação é apresentar um pouco de histórias importantes do bairro, que estão sumindo e sendo apagadas com a pressão dos movimentos de especulação imobiliária e higienização da região. Essa intervenção tem a direção de Cida Almeida, que já dirigiu o espetáculo Água, também do grupo.
Em sete estações, os atores d’A Próxima Companhia com a participação das atrizes convidadas Ligia Campos e Rebeka Teixeira, atuam como um bando de bufões, conduzindo o público do Largo São Bento até a General Osório fazendo uma alusão a própria presença histórica do circo e artistas de rua nas imediações. Além disso, A SANTA E A PUTA NA TERRA DA GAROA (nome que faz alusão ao filme Deus e o Diabo na Terra do Sol) fala também o samba, a boca do lixo e a época em que o cinema nacional mais produziu, as pensões, o comércio popular e a prostituição. A cena também lembra o um ano do incêndio que aconteceu em um prédio ocupado no Largo do Paissandu, trazendo o tema de ocupações também à tona.
Assim como boa parte do Centro de São Paulo, a disputa pelo espaço, o modo como o poder público e a iniciativa privada procedem na região – que é de ocupação tradicionalmente popular e negra – produzem um processo de apagamento cultural no bairro da Santa Ifigênia. A intervenção lança foco e alerta sobre instrumentos de dominação que, ao longo dos tempos, foram sendo introduzidos neste lugar e apontam para tentativas sucessivas de retirada das características populares como o próprio Projeto Nova Luz (2011), operações policiais, construção da igreja católica, entre outras.
A Santa Ifigênia é geralmente associada ao comércio dos eletrônicos, mas o objetivo é desvelar um pouco sobre a história da tradição deste local, outras camadas deste local além deste comércio que movimenta milhões de reais por ano e que atrai um público de todo o país. Os próprios figurinos e objetos cenográficos irão ser compostos com elementos eletrônicos fazendo uma alusão a esse perfil do bairro.
A diretora da intervenção é Cida Almeida, que tem um papel muito significativo para o grupo: ela foi a formadora dos artistas que fundaram A Próxima Companhia. Juntos, eles criaram dois espetáculos e iniciaram uma pesquisa bastante consistente, que deu início aos caminhos que hoje são desenvolvidos pelo grupo. Reencontrar essa direção no contexto do projeto traz também uma dimensão histórica para a trajetória do grupo que tem como alguns de seus eixos a memória e a cidade.
Ficha Técnica
Direção: Cida Almeida
Colaboração Dramaturgica: Victor Nóvoa
Elenco: Caio Marinho, Caio Franzolin, Gabriel Küster, Paula Praia, Juliana Oliveira, Ligia Campos, Rebeka Teixeira.
Direção Musical: Laruama Alves
Cenografia: Julio Dojscar
Figurino: Magê Blanques
Contrarregragem: Felipe Scalzaretto
Produção: Catarina Milani
Assistente de produção: Lucas França
Fotos: Noelia Nájera